Coluna Vertebral

Somos um, somos todos. Somos uma família.

Em cada passo percorremos diversos caminhos, em cada giro viajamos o mundo, em cada olhar transmitimos desejos, em cada toque multiplicamos sensações, em cada queda transcendemos a emoção, em cada dança sonhamos com os pés no chão. Viva Black dance.

Ticiane, Bailarina

Black Dance ?

A Black pra mim é uma forma de aprendizado, acho que todos aqui amam muito o que faz... Melhor coisa é vc chegar em um local e ser bem visto, apreciado por todos... Muitos querem ter a oportunidade de entrar pra essa família, porque isso aqui é uma família... Família Black Dance 🖤🖤🖤

Caio, Bailarino

Quando pedem para eu descrever o que é a Black Dance para mim, automaticamente me vem em mente a palavra família, mas não uma família ligada geneticamente, mas sim, pelo amor à arte. É isso que zela nossa união

Nicole, Bailarina

Sempre perguntam o que a Black Dance significa pra mim, pois mesmo que eu não esteja muito tempo no grupo percebi que não é só teatro e Dança de rua é mais que isso. É uma família que você sempre poderá contar pra qualquer coisa e nunca vai se sentir sozinho(a), essa é a família Black Dance. 

Jéssica, Bailarina

Todos nós temos um destino, Cabe a nós decidirmos o que queremos entre os caminhos bons e o ruins. Então foque sempre no seu Objetivo, independente do quanto seja doloroso o seu esforço. Coragem e atitude. A BATALHA É GRANDE MAIS A VITÓRIA É CERTA! VIVA BLACK DANCE❤

Milena, Bailarina

"Família " uma palavra que esta muito além de laços de sangue, talvez não sejam laços de sangue, talvez sejam as pessoas que saibam nossos segredos. Mas nos amam mesmo assim. Para que possamos ser o que verdadeiramente somos e isso é a Black Dance pra mim uma família ❤

Thaila, Bailarina

De novembro de 2016 a abril de 2017, estive integrando enquanto bolsista estagiário pelo PIBID, o projeto de Dança e Teatro 'BlackDance'. O objetivo do meu projeto dentro do 'BlackDance' era mobilizar a turma a tornarem seus corpos mais expressivos durante os momentos de teatro que costuravam as coreografias. Inicialmente, fizemos um trabalho para desmecanização dos corpos com jogos extraídos do arsenal do Teatro do Oprimido ('Jogos para atores e não atores', de Augusto Boal). Desta forma, estávamos trabalhando também a diversidade de pensamentos dentro do grupo além de estimular as imaginações. Era essencial ouvir o que elas e eles tinham a dizer tanto nos jogos quanto nos círculos de avaliação para que essa expressividade fosse potencializada. Era preciso estimular a tornarem-se autônomas(os). O trabalho que a professora Francine vem realizando com o grupo vai para além dos conteúdos programáticos específicos tanto da área de Dança quanto de Teatro. Pude perceber o que falta em muitas relações nos âmbitos escolares entre docentes e discentes: o afeto. Neste projeto de Dança e Teatro, afeto é o que não falta. Apesar de ser chamada de MÃE por eles, a presença de Francine de forma alguma substitui o papel da mãe biológica, mas completa esse ciclo de aprendizagem no qual a afetividade é fundamental para que o conhecimento seja produzido. Palavras como humildade e respeito eram ditas pela própria turma, expressando o que há de melhor no ser humano. Sempre buscando trazer músicas que falassem da cultura negra e da diversidade, com temas em combate ao preconceito. Francine estimulava nelas e neles discussões sobre suas próprias realidades. E era nesse ponto que minha pesquisa de Teatro do Oprimido ia de encontro também: constatação, comunicação e transformação das realidades. Perceber a mudança na outra pessoa, perceber o processo de transformação da outra e do outro parece meio que impossível. Então, posso falar sobre as transformações que eu mesmo vivi ali dentro. Durante esse ano de 2017, Francine levou uma música nova para criação de mais uma nova coreografia ('Invisível', da banda Baiana System). Essa música fala da invisibilidade social a que muitas pessoas são submetidas ou pela sua etnia ou pela sua condição financeira. Depois da coreografia pronta, eu e a outra estagiária Eliandra Portugal fomos ver o que poderia ser trabalhado na parte de Teatro. No meio da coreografia, Francine juntamente com a turma criou uma cena teatral que se passava numa praça, onde cada integrante interpretava alguém invisível para a sociedade: moradoras (es) de rua, usuárias (os) de crack, vendedores (as) ambulante, crianças jogando bola, etc. A entrega com que elas e eles abraçavam suas respectivas personagens só ressaltava a seriedade e o amor pelo projeto. Eliandra teve a idéia de pedir a inserção de mais uma personagem: uma transexual. E fizemos uma rápida roda de conversa para justificar a entrada dessa nova personagem, baseando-nos que as (os) transexuais também são tornadas (os) invisíveis a fim de que a sociedade possa negar sua existência. Se não é visto (a) não existe. Um menino escolhido por Francine que ficou com essa personagem. Ele começou a interpretá-la de modo bem caricaturado, ressaltando estereótipos e levando a personagem para o campo do risível. Então, pedi que ele buscasse o caminho oposto uma vez que o objetivo era humanizar essas personagens fugindo da tão convencional crítica que a sociedade já faz. Durante as observações, comecei pelo estímulo de criação de personagem fomentando a construção com perguntas que ajudassem a turma a cada vez mais darem forma, colorido a suas personagens. Também pedi que cada uma (um) pensasse num motivo para sua personagem estar ali. Quem era e o que queria, pois para Boal as personagens são criadas a partir de um querer. É esse querer que move as suas ações físicas: a vontade. Ficamos um bom tempo, com a turma experimentando essas personagens e seus diversos 'quereres' sempre buscando se relacionar com as demais personagens. Naturalmente, a distribuição espacial que estava um pouco desarmonizada ganhou equilíbrio. Não era preciso marcar para onde elas e eles deveriam ir. Seus 'quereres' lhes estimulavam a sair de onde estavam e se relacionando, os espaços eram preenchidos. Saí da aula, um pouco transformado. Sempre tive um olhar observador ao que acontece ao meu redor e depois daquela aula sobre 'invisibilidade', minha percepção ganhou potência. As ruas não me são mais as mesmas. Percebo as personagens vivas que ali habitam e transitam. Escrevo isso porque o teatro assim como a dança e assim como a vida dá-se pela transformação e eu me senti transformado. A mudança que tanto buscamos e almejamos precisa começar em nós mesmos (as) e se eu estava como docente estagiário devo e me é de direito reconhecer o meu papel também de aprendiz nesse processo. Mais importante do que transferir conteúdos e conceitos, foi perceber a potência transformadora do teatro. Já achava bem feliz o diálogo a que se propunha o projeto de unir Dança e Teatro. Segundo Boal, é a somatização das diversas linguagens que permite o indivíduo constatar, comunicar e transformar sua realidade. E é isso que está acontecendo ali. O grupo tem em sua disponibilidade os meios de produção que Boal tanto defendia e defende em suas obras literárias eternas. Tudo o que havia lido sobre criatividade, materialidade, intenção e ser sensível/consciente/cultural pude conhecer no empirismo que esse projeto me presenteou. Um lindo processo horizontal. As maiores dificuldades eram com relação a freqüência, pois muitas e muitos precisam da autorização do pai e/ou da mãe para irem para a escola num sábado pela manhã. Até nisso, o projeto é positivo: mobiliza eles e elas a estarem na escola mais um dia da semana e durante 4 horas. Mesmo com o chão sujo da semana formal de aulas , a entrega é completa. Finalizo esse relato com a sensação de que o amor é que transforma, seja pelo Teatro seja pela Dança, seja pelos dois.

Nilson Rocha, estagiário PIBID TEATRO- UFBA

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